Hirondelle

O mundo está perdido | 01

 -Estamos em que século?
Eu não consigo acreditar neste mundo, no mundo em que vivemos. Não é que para meu espanto hoje assisti a uma conversa num canal de televisão que me deixou de boca bem aberta, e não estamos a falar de um canal banal, estamos a falar na nossa Tvi, no programa da manhã, Você na TV. Como tema da conversa tínhamos o direito à procriação medicamente assistida, para uma pessoa ignorante diria logo "Mas que m***** é esta?", pois bem, o tema que foi realmente abordado nesta conversa foi: Será que uma mulher, em pleno século XXI, pode ser mãe sozinha? Nesta conversa estava presente três pessoas, mais o senhor Manuel Luís Goucha. Duas aves raras eram totalmente contra a procriação medicamente assistida, e em minoria e com maior tino na cabeça estava uma senhora adorável e educada que defendia com pés e cabeças a procriação medicamente assistida. Não sei como é que uma senhora na caso dos quarenta anos e um belo rapazola dos seus trinta são contra a procriação assistida?! Ah, e para não falar do seu melhor argumento ser "Como é que uma criança cresce sem pai?", pois bem, e eu só lhes queria perguntar uma coisa, como é que uma criança vive com um pai que viola, bate e espanca? Foi nisso que estes dois indivíduos não pensaram.Mas para melhorar esta conversa, o Srº ave rara que é psicólogo afirma que nenhuma, repito, nenhuma mulher tem o direito a engravidar, e depois desculpa-se com o argumento que a criança é que tem o direito de nascer. Oh, Srº Psicólogo, não conseguia melhor? Não inventava desculpa mais descabida? Esta conversa foi totalmente criticada por todas as pessoas que tenham dois dedos de testa. Achei hilariante, no mínimo, esta conversa. Até o SrºGoucha se exaltou com a conversa descabida que o seu programa estava a transmitir. E não podia dizer melhor, do que "E existe alguma lei que proíba os casais a terem filhos, quando depois os tratam mal?".  Chega a um ponto em que as duas aves raras põem em causa a competência da deputada do bloco de esquerda, dizendo que não sabe o que entrou no parlamento.
E para não falar que o Psicólogo, em certa, a altura começa a ser mal educado e de baixo nível com a senhora deputada, interrompendo-a repetidamente e não a deixar falar.
O melhor momento foi quando o Goucha, deu o exemplo dos casais homossexuais, no qual existem filhos que são tratados super bem e são felizes, e não ficam traumatizados, como as aves raras dizem.
"Qual o cidadão deseja crescer sem pai?" Todos os que têm pais que lhes tratam mal e não os amem.
Se eu fosse uma mulher homossexual, ou até mesmo heterossexual e quisesse ser mãe, mas não amasse ninguém, nem achasse que aquela pessoa era o Pai ideal para o meu filho? Ia fazer o quê? Ia ali à esquina pedir um pai, que gentilmente me fornecesse uns espermatozóides grátis e que nunca mais me incomodasse nem quisesse ver o seu suposto filho? Acham mesmo que uma mulher com dois dedos de testa ia fazer tal coisa? Ou ia recorrer a uma clínica para poder procriar, e quem sabe um dia contar a verdade ao seu filho? 
Se um filho/filha consegue viver com um pai violento ou abusador, não consegue viver com a consciência que foi um sonho da sua mãe, e se calhar o melhor para ele? Se uma mulher procura uma clinica destas é porque é realmente o seu sonho, não vai tratar mal ou negligenciar o seu maior sonho.
Nesta conversa tivemos também a intervenção de mais três pessoas,via telefone, uma mulher solteira e heterossexual que o seu maior desejo é ser mãe e que o está a tentar ser em Espanha, pelo método de procriação medicamente assistida e outra senhora que tem dois pares de 'coragem', que disse toda a verdade sobre este assunto. Não encontrava melhores palavras do que as que ela disse. Com meia dúzia de palavras calou literalmente aqueles dois indivíduos, que ficaram logo constrangidos e quiseram mudar de assunto com a celebre frase "mas esse não é o assunto que estamos a tratar". Por ultimo, uma senhora muito adorável mas com uma pergunta provocadora para a SrªAve rara, que abordava a questão de ter tido um problema de saúde embora possa procriar, mas que não tem um "progenitor" e pergunta-lhe "Sendo eu mulher e com desejo de ser mãe, posso eu procriar nesta situação?", para não dizer que a SrºRita Ave rara ficou toda embasbacada com a pergunta e nem conseguia responder.

 VÍDEO DA CONVERSA

Peço desculpa pelo testamento enorme, mas não imaginam como fiquei revoltada com esta conversa que a Tvi transmitiu por volta das 11h, hora pela qual os jovens de hoje em dia estavam em casa. Agora pergunto-me, um jovem de 11 anos a ouvir isto, como vai ser o crescimento dele? Ora bem, estamos no século XXI, não estamos a criar e a desenvolver mentes do século XVIII, onde a mulher ouvia e calava. 
Eu admito, sou completamente feminista e não admito que homem nenhum ponha o pé em cima de mim!!