Não sabes ... mas vais ficar a saber

Após alguns dias de ter saído do hospital, fiquei novamente desamparada e perdida no mundo: a minha mãe tinha ido de urgência para o Hospital com o meu pai, e eu fiquei a cargo do Manuel, do Vizinho e da Júlia, a sua esposa. A ideia agradava-me imenso, só por saber que ia ser bem tratada em casa deles. Os dias passavam e eu não tinha notícias da minha mãe, nem sei ao certo quantos dias passaram, se calhar só dois ou até podiam ter passado dez dias. a minha felicidade era tanta, que não conseguia pensar na minha mãe, nem no estado dela. 
Os meus dias eram passados com o Manuel, que era "caseiro", visto que a sua mulher trabalhava num escritório perto da aldeia, das 9h da manhã até ao fim da tarde. Chegava do trabalho, fazia o jantar, ajudava-me no banho e estávamos na cama todos por volta das 21h. Eu mal dava conta do dia a passar, pela manha ajudava o Manuel a tratar dos cultivos do meu pai, que ficaram a seu cargo, por volta das 11h voltávamos à sua casa, ele fazia o almoço só para nós os dois, depois ele lavava a loiça e arrumava-a e íamos para o seu estábulo, tratar dos cavalos. A égua que eu costumava montar nos dias de sol estava prenha, e estava prestes a dar à luz, num dos dias em que lá fiquei. O Manuel, dócil como sempre, perguntou-me se o queria ajudar e dar o nome ao cavalinho novo. O que uma menina de 4anos poderia dizer? Claro que sim, senti-me importante. O Manuel tinha o Dom de me fazer sentir importante em todos os momentos. No dia a seguir, fomos para junto da Camila, a égua prenha, e ficamos lá a tarde toda a aguardar o nascimento. Como naquela altura não havia muita informação, a única solução seria aguardar, aguardar e aguardar ...
Nessa tarde nasceu uma nova égua, a bebé kila, que o Manuel gentilmente me ofereceu como sendo minha, mas vivendo no seu estábulo, e que eu pudesse sempre visitar, sempre ...
Os dias continuaram a passar, e as notícias não chegavam. Eu continuava na casa do Manuel e da Julia, a acompanhar o crescimento da "minha" kila, a pequena égua. 
O dia chegou e as más notícias também ...  a minha mãe tinha falecido, de um mal grave, segundo os médicos ...



(continua)

Sem comentários:

Enviar um comentário