Não sabes ... mas vais ficar a saber

Acordei no dia 13 de Novembro de 1996, com o sol de inverno a entrar pelas cortinas brancas e velhas do hospital. Imaginam vocês porque que eu me lembro de tantas coisas, pois bem, eu como era a única menina da aldeia, não tinha mais ninguém, não tinha brinquedos, e com 3 anos ainda era muito pequena para pegar nos instrumentos de agricultura do meu pai, então metia-me a tentar decifrar o que estava "desenhado" nos papeis que o meu pai ia buscar à aldeia mais próxima da nossa casa, todas as segundas o meu pai guiava a sua lambreta até à aldeia, que ficava a 30 minutos sensivelmente e comprava o jornal da Aldeia ao qual eu chamava "papeis com desenhos", mas no entanto era um jornal com letras. Desde pequena que ansiava pelos Domingos, não pela missa que era obrigada a assistir, mas ao almoço que o Manuel me dava após a missa, e os passeios a cavalo que ele me proporcionava pela quinta dele. Houve um dia que o Manuel me perguntou o que eu queria fazer naquela tarde fria e chuvosa, eu respondi muito rapidamente que queria que ele me dissesse que desenhos eram aqueles nos papeis do meu pai, ele muito atencioso explicou-me que aquilo não eram papeis, mas sim um jornal, e os tais desenhos eram letras, que compunham as palavras. Pois bem, a partir desse dia, começou a ensinar-me a ler e posteriormente a escrever. Com apenas 3 anos já sabia ler e quando fiz 4 anos já escrevia algumas palavras. A mulher do Manuel, de seu nome Julia, deu-me no meu quarto aniversário um caderninho que ela me explicou cuidadosamente que serviria para eu escrever o que me apetecesse, mas só eu poderia ver, era secreto.

Voltando à história com que eu iniciei este capitulo. Lembro me destes pormenores todos porque os fui escrevendo, com alguns erros, mas ia escrevendo os meus dias, e é a partir desses dados secretos que vos contarei a minha história. 
Após estar em observação por mais dois dias, voltei para casa, e a rotina voltou. A Luísa voltou a ser o erro e a ser ignorada pela família.  

(continua) 

beijinhos, 

 

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