Não sabes ... mas vais ficar a saber

«Olá, Chamo-me Luísa pinto(nome fictício) e tenho 19 anos. Resolvi escrever esta espécie de carta para explicar a minha pequena mas grande história. Nasci numa pequena Aldeia no Norte, onde poucas pessoas haviam, e eu era única criança em quase 10 anos naquela Aldeia. Como é óbvio sentia-me deslocada, sem ninguém para brincar nem conversar. Para ir para a escola, coisa que só fui aos 8 anos, ahh esqueci-me de dizer os meus pais já me tiveram tardiamente, a minha mãe tinha 45anos e o meu pai 50, tinha que percorrer um caminho de a pé que durava quase uma hora. Desde pequena que os meus pais pouco quiseram saber de mim, fui apenas um acidente, "maldito acidente" diziam-me eles.

Nasci no dia de Natal, o que a minha mãe me culpa sempre, "foste um maldito acidente, uma menina jesus que só me trouxe azar", sim porque a minha mãe quase ia morrendo durante o parto, livrou-se da morte, mas não se escapou ao coma por 2 dias. Os meus pais sempre trabalharam no campo, sempre foram eles que cultivaram o que era metido na prato e na mesa, por isso era raro termos carne e peixe, porque o dinheiro era pouco. As nossas roupas eram costuradas e adaptadas às nossas idades e necessidades. No Natal e no dia no meu aniversário, visto que era o mesmo, era raro receber prendas, Ahh lembro-me de um presente que nunca me esqueci e que jamais me esquecerei por vários motivos, era uma caixinha de musica oferecida pelo Manuel.

No dia 12 de Novembro de 1996, tinha precisamente 4anos a caminho dos 5anos, estava a brincar na rua, com pedras, paus e folhas, visto que não tinha brinquedos, foi ai que o meu azar começou(ou se calhar já nasci com ele). Estava a brincar à macaca, um jogo que a minha professora me ensinou, quando atirei mal a pedra e ela foi parar à estrada, que raramente passava carros, mas naquele dia e à aquela hora passou, e eu estava lá, como se costuma dizer "no sitio errado, à hora errada", fui arrastada pelo carro uns dois, até que fiquei ali estendida, sem me poder mexer, nem sequer gritar porque as forças não chegavam ... Só após uma hora, por volta das 19h que era de jantar, é que os meus pais deram pela minha falta e começaram me a chamar, até que me encontraram ali no chão, na estrada mal alcatroada. Levaram-me para o Hospital mais próximo, que ficava a duas horas de lambreta do meu pai, e aí os médicos deram as más noticias "O estado dela não é nada bom, é bastante grave ..." [...]»
(continua)


beijinhos,


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